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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Wednesday, October 07, 2015

Filme - O Ato de Matar (The Act of Killing)

Qualquer comentário que se faça sobre este documentário (sic) definitivamente não contempla a dimensão que ele é.

 Ao final fiquei com a sensação que tinha passado por uma “experiência”, uma “prova”, um "desafio de resistência".

 Tinha acabado de ver algo que foi além de um “mero filme”.

Talvez o que mais se aproxime do meu sentimento seria dizer que "O Ato de Matar" é uma “obra de arte”.

Mas não um "filme obra de arte", e sim uma "obra de arte que por acaso é um filme".
 
Uma arte profunda e séria  (seja em qualquer uma das suas manifestações)  com a capacidade de desequilibrar a mente, coração, alma e espírito de quem a contempla / conhece / desfruta.

Entendeu ? ... pois é, nem eu consigo explicar.

Só posso dizer que fiquei (e ainda estou) P-E-R-T-U-R-B-A-D-O

Para facilitar a minha vida, reproduzo abaixo o comentário retirado do Adoro Cinema,  que dá uma geral do filme.

Só acrescento uma das coisas que mais me chamou a atenção : a utilização da canção Born Free, (Oscar de melhor canção 1966)  do filme “A História de Elza” que é citada como uma das preferidas do assassino Anwar Congo e que depois, numa cena crucial, é utilizada de forma genial.

Acho que nunca vi algo tão bizarro, ofensivo e transcendental na minha vida.

Absolutamente inesquecível.

Ah, filme tem uma continuação que pretendo ver em seguida

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Comentário retirado do Adoro Cinema

"Eu acho que o documentário deveria se afastar dos fatos, porque fatos não são a verdade". Assim o produtor Werner Herzog explica porque decidiu apoiar o projeto de O Ato de Matar, filme engraçadíssimo e perturbador no qual não se vê uma morte sequer, mas fala-se e pensa-se em morte o tempo inteiro. No caso, homens que mataram mais de mil pessoas no genocídio da Indonésia são convidados a reencenar os seus crimes. Vaidosos, eles aceitam a possibilidade de fazer um filme sobre suas memórias de guerra.


Para o diretor Joshua Oppenheimer, esta é a chance de mostrar o distanciamento surrealista que os homens têm em relação aos seus atos. Com evidente senso crítico e muito sangue frio, o diretor flagra estes homens dirigindo as cenas de seus assassinatos, dizendo ao diretor de arte "Eu quero calças jeans nesta cena. Eu sempre preferi jeans para os massacres", ou então pedindo aos habitantes do vilarejo, cujos pais foram dizimados, para interpretarem suas tragédias familiares. O ambiente é marcado por sorrisos, danças, música, álcool.

Para os gângsteres, como são chamados, essa é a oportunidade de mostrar que a matança de comunistas, encorajada pela ditadura militar, ocorreu não apenas porque "os comunistas mereceram", mas também porque o assassino Anwar Congo e seus colegas eram capazes de matar a todos. Ou seja, o genocídio ocorreu não apenas por necessidade de dizimar um grupo de pessoas, mas por mérito e iniciativa dos assassinos - uma importante mudança de perspectiva. Por isso, o filme-dentro-do-filme desperta questões éticas complexas: Como filmar a crueldade de que eles se orgulham tanto ("Nós fizemos muito pior do que nos filmes de ação", diz Anwar Congo), sem parecerem homens maus? Como desvincular da violência da moral?



O Ato de Matar acaba sendo um filme abusado e surpreendente. Talvez seja mais chocante ver estes homens detalhando suas técnicas de tortura ("Enforcar com arame é mais higiênico, deixa menos sangue para limpar", lembra Congo) do que de fato ver imagens reais, como fotografias ou vídeos dos atos dessas pessoas. Como lembra Herzog, este filme não pretende informar, mas convidar à reflexão a partir da representação alegre do genocídio e da autoimagem heroica que os gângsteres têm de si mesmos.

 Estes homens lembram várias vezes que gângster significa "homem livre", tanto de amarras quanto de qualquer moral. Assim, "basta dirigi-los", afirma um político local, pró-ditadura, usando o termo "dirigir", que funciona tão bem para a política quanto para o cinema.

Precisamente, o documentário vai além da História para se infiltrar na política e na sociedade atuais, herdeiras do golpe militar. Os gângsteres são aliados da mídia e dos políticos, e a maioria deles já concorreu a cargos públicos. Com a mesma franqueza que demonstram sobre as mortes, Anwar Congo e seus colegas admitem subornos, fraudes eleitorais e outros crimes políticos, e chegam inclusive a fazê-los diante das câmeras, para provar que não estão mentindo. A verdade, pelo menos do ponto de vista dos líderes do genocídio, nasce desta encenação. Ver o mundo pelos olhos destes homens é assustador.

Ato de Matar transforma-se em uma coletânea de frases de efeito e de cenas umas mais ofensivas do que as outras. Existe o momento em que meninas bonitas são chamadas a dançar no teatrinho de guerra, e os criminosos pedem que elas "pensem na paz" para melhorarem suas atuações; existe o homem rico cuja filosofia de vida é "Relax e Rolex"; em um momento, Anwar Congo cuida um patinho cuja pata está machucada; em outra cena, seu colega, também assassino, lembra que George W. Bush e os Estados Unidos já dizimaram milhões de pessoas e nunca foram responsabilizados por isso, então eles também não deveriam ser punidos. "A História é escrita pelos vencedores, e eu venci", afirma tranquilamente um deles.




Assim, partindo do genocídio na Indonésia, o filme reflete sobre a política internacional, a responsabilidade dos líderes e a própria moral de guerra - algo muito apropriado no momento em que potências ocidentais orquestram bombardeios para garantir a paz. A ambiguidade das imagens é tamanha que rumo ao final, Anwar demonstra às câmeras um eventual mea-culpa, um possível arrependimento sobre seus atos. Seria fingimento, pura atuação, como nos outros momentos? Onde se encontra a verdade, onde se interrompe a representação? Até que ponto o diretor controla seus entrevistados, ou é controlado por eles? Mais do que um documentário sobre política e cinema, O Ato de Matar é uma fascinante investigação sobre a política do cinema.

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Clipe da música Born Free (para dar uma relaxada)



Thursday, October 01, 2015

Fun - Gatos


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Tuesday, September 22, 2015

Show - Queen em Porto Alegre



Para alguém da minha idade (terceira) e aficcionado por rock, ver o Queen “em casa” é algo indescritível.  

E o Gigantinho tremeu ontem a noite com a vuduzação promovida por Brian May, Roger Taylor e um fantástico Adam Lambert.

Porra, a bicha, espalhafatosa e diva, canta horrores e, verdade seja dita, cumpre coberto de honras a absurda tarefa de assumir os vocais de Fred Mercury.
Não dá para descrever o carrossel de emoções que rolou.

O show é perfeito.
 É óbvio que cada um dos presentes esperava seus “momentos especiais”,  e os meus foram “Love of my life” (que clichê, este era um momento de todos), “Who wants to live forever ?” (Adam arrebenta), Bohemian Rhapsody (a música que descobri na adolescência e que foi causadora da minha devoção), “Somebody to love” (que não consegui ver muito bem, pois estava tomado de lágrimas), “Radio Gaga” (com direito a Metropolis e tudo) e “We are the Champions” (no final apoteótico).

Mas “reduzir” o show a estas músicas é burrice.


As mais de duas horas de duração proporcionaram uma viagem alucinante para quem estava lá.

Som, luzes, efeitos, solos, vocais, brincadeiras, conversas, tudo contribuiu para tornar a noite de ontem inesquecível.
Maravilha absoluta.


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Alguns momentos do Show :





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Eu e Niara

  Eu e Roberto


Filme - Lugares Escuros

Li o livro da Gillian Flynn e gostei muito. 

Quando soube que seria feito um filme baseado na obra, me arrepiei. Como um filme poderia abarcar toda a trama, com todos seus personagens muito bem desenvolvidos e com a narrativa complexa construída toda em deslocamentos no tempo ?

 Pois bem, para mim o filme cumpriu muito bem seu papel.

No filme (e no livro) Lugares Escuros Libby Day (Charlize Theron / Sterling Jerins ) é uma mulher com um trauma no passado. Sua mãe e suas duas irmãs foram vítimas de um massacre em sua casa quando era uma criança. Ela estava no local, mas conseguiu escapar. Seu irmão mais velho, Ben Day (Corey Stoll/ Tye Sheridan) é acusado do crime a partir do depoimento de Libby e está preso há mais de duas décadas. Obviamente Libby e Ben não se falam desde então.

Na atualidade Libby é uma loser total, totalmente disassociada, cleptomaníaca (algo muito forte no livro, mas que no filme é apenas “tocado”) e arisca , enfim uma sociopata total que sobrevive de migalhas de direitos autorais de um livro que ela “escreveu” (na verdade um ghost writer) e de doações de “pessoas sensibilizadas” com sua situação. Só que a fonte secou e a garota precisa dar um jeito de conseguir dinheiro.

É aí que entra um clube de aficionados por crimes famosos, que não se conformam com o veredito recebido por Ben e que propõe bancar uma investigação paralela para a solução do crime. Sem grana Libby acaba concordado e entra num caminho de volta ao passado que a levará a várias e surpreendentes descobertas.

Ok.

Charlize Theron, Christina Hendricks (a gostosa Joan Harris de Mad Men) e Corey Stoll dão um show e o resto do elenco vai atrás.

O roteiro e direção precisos de Gilles Paquet-Brenner, capta muito bem a atmosfera da história com uma narrativa sólida e cheia de nuâncias.

Enfim, um ótimo filme que soube respeitar a obra original.

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PS.: como eu tinha lido o livro, consegui fruir o filme perfeitamente, mas fiquei com a sensação de que quem não, pode achar o filme um tanto confuso e com uma solução “fraca”, o que é uma pena.


Friday, September 18, 2015

Filmes no estilo Gauchesco

Estamos em plena Semana Farroupilha, um acontecimento que mexe com alma do gaúcho todos os anos.

Aproveitando o ensejo, o Jornal Zero Hora publicou hoje uma lista de filmes com os títulos reinterpretados no gauchês (linguagem típica daqui).

Reproduzo abaixo, com algumas "traduções".


Chinoca : mulher, companheira, garota, prenda, num sentido mais romântico. Em outro, pode significar prostituta, puta.

Buenacha : boa


Bagual : homem, macho, tradicionalista, meio xucro (bruto)

Cuiudo : corajoso, destemido



Te Arreganho : Te abro !

Baita : Grande


Rebenqueado : Que se rebenqueou; fustigado com rebenque. Tangido. Surrado, sovado. Estafado, derreado. Maltratado.  


Carmen : "Tia" Carmen, famosa cafetina do RS


Oigalê : Opa ! Nossa ! .. ou qualquer outra expressão no gênero

Minuano : vento que "assobia", típico do RS


Peleia : Luta, guerra.